picture of the silent protest organized by Occupy Boise, part of the Occupy Wall Street gatherings. Today they are taping $1 over their mouths to symbolize how the 1% have silenced the other 99% in the USA. They also say the $1 is one dollar more than the Bank of America has paid in taxes
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Os dias todos têm escorrido pelo suor frio das minhas mãos. Eu, sempre, tentando segurar; tentando prender os dias um pouco mais; tentando fazer dos dias alguma coisa. Eles, por outro lado, seguem escorrendo pelos meus dedos, um líquido invisível e denso, como a minha vida: invisível e densa. 

Meu cérebro, também, amolecido; sem conseguir concretizar a concentração. Olho uma, duas, três vezes para as palavras no título do texto "Global capitalism and critical awareness...". O que significa awareness mesmo? Meu cérebro também está líquido, derretido. Eu olho para as crianças uma, duas, três... Dez vezes e sei: elas não estão aware do que aqui está e, pior, do que está por vir. 

O meu dia só para de escorrer quando tenho as crianças. Elas não têm awareness, mas têm o ardor da vida. As crianças têm a honestidade mais pura de todas: a de quem sabe tudo, mas sem esperteza alguma. Ensinam lições a mil, mas não têm a esperteza de pensar em si em detrimento do outro. As crianças dão valor inestimável à vida.

Depois, quando me despeço, a dor no peito me acomete. Olho o pai, penso no vô e olho pra mim. O tempo correndo, o dia escorrendo e eu aqui. Estou fazendo o quê? A gramática segue aberta sobre a mesa, todo mundo com suas certificações internacionais, todo mundo com seu tempo produtivo, todo mundo bem. Os dias dos outros não parecem escorrer gosmentos e densos pelos dedos, só os meus. 

Eu poderia jurar que meu crânio está oco, não fosse pela minha insistência mental em lembrar do horror. Já são para mais de dez dias e eu continuo repetindo a narrativa em minha mente: a menina, as pessoas, o horror, a raiva, o medo, o horror, a incredulidade, o horror, Deus. E a menina? Junto a ela, outras quantas? A mente dando voltas e eu querendo respostas, querendo saber a quem devo questionar, querendo saber que oração devo fazer, querendo saber quem vai pagar, querendo saber. 

Pensei em fechar bem os olhos, me concentrar,  e tentar me comunicar com quem quer que seja, quem quer que tenha as respostas para me dizer o porquê de algumas vidas valerem tanto e outras nada, eu preciso saber o que há. Enlouqueci? Se fecho os olhos, quem encontro são os mil-duzentos-e-setenta-e-um notificados de ontem. Mil. Duzentos. E. Setenta. E. Um. Se cada uma dessas pessoas valesse um real, será que as teríamos jogado fora assim?

Ane Karoline- 

ainda em quarentena. 



Eram 200 textos, agora, 201. A caixa de rascunhos me faz a contabilidade e meu coração me faz a lamentação. Minha cabeça não conta,  só tem servido para pesar uma tonelada e meia. Vivo engasgada demais, emocionada demais, cheia, lotada, embargada. Fecho todas as abas, rasgo todas as crônicas, desmancho todos os contos e me lembro de Clarice anunciando o  direito ao grito, mas não consigo gritar. Essa mão imensa e invisível, a que agora tapa a minha boca, está prestes a me enforcar. 
Lembro-me, então, da escola: não consigo, não consigo, não consigo. E eu queria tanto conseguir, mas não consigo. Os olhos cheios de lágrimas quentes, ardentes. Lembro-me do olhar dela seguido pelas palavras: pega no lápis, é só pegar no lápis. Alguma coisa você vai conseguir dizer - o que disser, seja o que for, é o que precisa ser dito.

Agora, abro o texto de número duzentos e um, mais uma vez, não porque eu tenha algo a dizer. Abro-o simplesmente porque me lembrei da frase nas costas da camiseta amarrotada da minha professora da quinta série. A camiseta que não me disse coisa alguma aquele dia, mas hoje, em flash, me diz: 
caminhante, o caminho se faz ao caminhar. 

Que caminho é esse meu, não sei. Sei apenas que de todos os lugares do mundo, a maior parte dos meus quilômetros andados foi dentro da escola: estudei, estudei, estudei e, ainda hoje, aprendo - agora, aprendo ao ensinar. Eu, de memória tão boa, não me lembro de um ano se passando sem que eu tenha caminhado sobre o chão desfigurado de uma escola. Desfigurado não por não ter forma, mas por ter muitas. Uma escola tem muitas formas. Se entrevistassem agora meus pés, estou certa de que confirmariam o que acima afirmo e, ainda, diriam que só assim sabem caminhar: dentro do ambiente onde se faz o aprender e o ensinar.

Que mudez é essa que a mim acometeu, não sei; mas sinto. Sinto que se, por um instante, fecho os olhos, me vêm: 
os sons constantes, 
a mistura de cheiros, 
a mistura de cores, 
as emoções à flor da pele, 
a correria, 
o cansaço, 
o contato, 
o tato:
 A escola me é sagrada. 

Mais uma vez, me vem à mente a Virgem na parede colocada. Não, a escola não é imaculada, ao contrário, mas, ainda assim, a vejo sagrada. Vejo todos os erros, todas as sujeirinhas nas carteiras, todos os gritos, todas as lágrimas, todas as brigas, tudo. E é justamente por isso que a escola me é sagrada: se floresce em meio ao caos, se floresce junto aos outros, se floresce por conta dos outros. É onde se planta e se colhe. Colhe-se aos demais, colhe-se a si, acolhe-se. 

A professora olhava para mim com ternura e força, como quem dizia: vai, pega no lápis. Naquele dia, passei  doze minutos inteiros me olhando no espelho quebrado acima da pia do banheiro. Foi me olhando nos espelhos dos banheiros das escolas que vi refletido o meu reflexo preferido de mim: o reflexo de quem pega no lápis e escreve uma redação vencedora.  É nos espelhos dos banheiros da escola, a qual agora chamo de minha, que vejo o reflexo de quem tenho lutado para ser: a pura imperfeição de alguém que acredita, todas as falhas de alguém que tenta, alguém que nunca para de tentar. Foi olhando esses reflexos que me fiz, foi me fazendo que entendi: a escola é lugar de construção. 

Construimo-nos na escola e construímos a escola. É essa certeza que, agora, me emudece: a escola é epicentro de contaminação. Recolho-me com dor e tento. Como haverei de me construir agora? 

De tonta que sou, não sabia, mas a escola fechada também é capaz de falar. Ainda que silente, ela agora me diz que quem a faz são as pessoas. Com seu caráter sacro, me mostra: as relações semânticas são muito complexas, o significado de escola vai muito além de portas, prédios, paredes e janelas. A escola nos faz, mas somos nós, também, a fazê-la. E, se é de moléculas, fluidos, bactérias e vírus que somos feitos, é também disso que haveremos de a escola fazer. 

Cansei. Pensar nisso me cansa. Não quero ser eu a desagradável que tudo tem que dizer. 
Afinal, com minha cabeça pesando uma tonelada, não tenho como. Não consigo. 

Resolvo contar os livros na prateleira, então, lembro da professora dizer: quando o amor bate na aorta. Eu me questionei, me diverti, me ri inteira, achando que ela falasse de horta. A desgraça é que agora sei exatamente onde fica a aorta, o meu amor pela escola está batendo lá, talvez seja hora de abrir. 

Os afetos, os abraços, sorrisos, aconchegos, lágrimas e carinhos não podem mais existir. Nada, nada, nada. Nem os apertos de mão, nem as equipes, nem as corridas, nem as cabecinhas nos ombros. A base escolar, agora, pode nos ser fatal: O compartilhar. 

Ainda não sei e, muito provavelmente, jamais haverei de saber o porquê, porque ela me olhou e soube, porque ela me disse para caminhar. Mas sei de todos os meus quilômetros andados, e eles não me ensinaram a compreender como alguém é capaz de assistir, sem dor e sem lamento, um par seu ser silenciosamente assassinado; não me deram entendimento de como um plano de genocídio pode ser tão brutalmente traçado; não me deram a percepção de que o núcleo social mais delicado e potente poderia ser usado para destruição.

Se uma vida, sequer, pode ser perdida, não é tempo para chegada, é, ainda, tempo de recolhida. 

                                                                                                                                    com cuidado temor, 
                                                                                                                                       Ane Karoline

                                        Coronavírus: Governo pede que Congresso reconheça estado de ...


O barulho do despertador, bem mais tarde do que o habitual, não me desperta: nada mais dorme em mim. Ao passo de que nada, tão pouco, acorda. Percebo, silente, que meu ritmo de leitura diminui. Encaro o teto mudo, como eu, letárgico. Lembro da matéria da BNCC, lida em tempos de preocupações mais suaves, afirmadora de que especialistas alertavam para a importância do sono. A frase me ronda: os especialistas me alertam, é por isso que não consigo dormir? A palavra dos especialistas me deixa em alerta. 

Conto treze vezes as dezessete trincas no teto, inábil. 

Os especialistas alertam: as pessoas não confiam mais nos alertas. Os alertas já são gritos, berros,  fotografias, vidas, sangue e morte; as pessoas chutam, xingam, difamam, humilham e menosprezam os alertas. Não é comigo. Não vi. Não sei. É mentira. A verdade mata. Na verdade, isso mata. A mentira não morre. Na mentira, ninguém morre. 

Conto quatro fios de cabelo no travesseiro, fora de mim, inertes.  

O alho que cura, a negação que cega, o João Pedro, o Miguel, 40 mil corpos e a Regina que não quer carregar  um cemitério. A vida tem que ser leve, afinal. Uma secretaria não pode ser um calvário. Leveza é saber que todos os dias morre gente, todos os dias nasce gente. Todos os dias tem gente que não é vista como gente. Todos os dias tem uma criança negra que sobe e que cai e que morre. A vida não pode doer, disse a Regina. Em latim: rainha. O que a rainha Regina não sabe é que a vida  não dói  mesmo, a vida não dói em quem não carrega a produção da vida nas costas. Quem tem tempo para viver, Regina? A plebe vive ou constrói a vida da realeza?  A cultura, me diga,  de que importância se faz para quem não tem o que comer? E para quem já tem cultura, para quem já é a cultura, que importância tem o de comer? 

Conto três miúdas rugas abaixo de cada olho, no espelho, sou quase irreconhecível. Só resta a alma, será?

A alma do povo negro escravizado continuou acorrentada, disse a moça branca do vídeo - ela mesma, com a alma acorrentada à desumanidade. Imagine, moça, o quanto doeram as suas mendazes correntes na menina Ághata. O quanto as vidas perdidas realmente te atormentam? A mim atormentam tanto que deixo o celular miliciano passar, assisto à terra plana girar, ignoro os hemisférios trocarem de lugar, acompanho o ministério inteiro se despedaçar, embasbacada, a me despedaçar. Parada por fora, em chamas por dentro. Não sei mais caminhar: imóvel, impotente, ignara, impaciente. 

Conto as seis gotinhas que pingam da torneira fechada. Faz silêncio aqui dentro, e lá fora, quem chora agora?

As crianças chamando, a fila na agência bancária, o moço dizendo que o verdureiro está passando, o comércio aberto: você vai morrer de fome? Você vai deixar a economia parar? O país que não anda, agora, não pode parar. O país que não te ajuda a andar, anda, guiado por meia dúzia de parasitas, por cima de você. É só você que não sai do lugar. É só você, que produzindo tudo, nada pode arrecadar. 

Conto duas colheres de café na água borbulhante. Ligo a tevê, o comercial do banco alerta: quem em casa ficar, não vai caminhar. 
Não caminho;
Não sei mais se para não morrer, ou se para deixar de matar. 

com mais dor que amor, 
Ane Karoline


   


Paulo e Eduardo descobrem um corpo morto na beira do lago. Eles estavam ali para brincar, mas acabaram se deparando com uma cena sangrenta e macabra de assassinato. A mulher assassinada era Anita, esposa do dentista da cidade. Duas crianças de cara com a morte, com a podridão da vida. Certamente eles não seriam os mesmos depois daquilo.

Junta-se aos dois garotos o velho Ubiratan, que mora no Asilo São Simão e não tem ninguém com quem conversar ou jogar xadrez, o que o obriga a escapar diversas vezes, pulando o muro da instituição, para ver algo de interessante na cidade. De modo muito inusitado, o velho e os dois moleques entram no arriscado empreendimento de tentar descobrir quem matou Anita, mas eles não esperavam que essa morte envolveria a elite da cidade e toda a classe política econômica que comandava aquele pedaço de terra.

Escrito de forma rápida e intensa, quase como um torpedo, o livro de estreia do autor Edney Silvestre nos presenteia com vários momentos belos e catárticos. Todas as personagens têm os seus esqueletos no armário. Todos os traumas nos são apresentados, ou melhor, são jogados na nossa cara. Em algumas ocasiões podem até causar desconforto, mas a crueza de tudo também encanta ao não nos poupar nenhum detalhe sórdido das pessoas que habitam aquela cidade.

Ao final, o livro é uma síntese da história do Brasil e seus sucessivos golpes, conchavos, lascívias e dissabores. É uma leitura que deixa um gosto amargo na boca. Porém, fica aquela esperança de que afeições verdadeiras e amizades reais possam ser maiores do que o horror espalhado pela humanidade. Ainda existem Paulos e Eduardos no mundo, felizmente.



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dia tal, mês tal, algum ano do passado. 

Venho noites sem dormir com a mente atormentada pelo que tenho a te dizer. 

Isto aqui é um caso de vísceras. 
É um caso visceral. 
É um caso de morte das vísceras. 
Você pode estar sob risco eminente de morte. 
Você pode, também se perguntar quem sou, afinal, para estar com a autoridade em falar sobre vísceras. 
Você pode, então, ter a certeza de que sou alguém com vísceras, portanto, sei quando estão morrendo. 

Então, sente-se e ouça. É urgente. É urgente porque não sei por quanto tempo essa terrível mordaça vai me deixar escrever tudo isso, não sei quando ela vai me parar - o único fato é que vai. É necessária tanta rapidez quanto possível. Você me ouve bem? Não posso parar de dizer isso agora, não sei por quanto tempo a minha veia criativa vai ser capaz de ser mais visceral que a minha veia julgadora - essa tal tem sempre me estrangulado. Pois bem,  se ainda não se sentou, sente-se. O que estou prestes a dizer é catastrófico. 
O fato é cristalino.
Você foi contratado por alguém depois de você ter dito que uma de suas qualidades é o perfeccionismo, por isso, peça suas contas já. Escreva um e-mail, ligue, escreva uma carta, se for necessário. Retire suas coisas do armário, organize sua sala, pegue sua mala e vá embora. 
Não sei o que te falaram, mas não é assim. Não sei se você leu a respeito, se viu filmes ou se viu séries. Não sei qual foi a referência desumana e irreal a qual você, provavelmente inconscientemente, se apegou, mas não é assim. Não é construtivo. Perfeccionismo não é uma qualidade.
Eu sei. Você se orgulhava disso. Aliás, te ensinaram a se orgulhar de uma mentira. De uma neurose. Perfeccionismo é uma neurose. Não, não sou psicóloga, não sou coisa alguma... Mas tenho vísceras e entendo delas. Perfeccionismo é um parasita que se ocupa unicamente de comer nossas vísceras. E dói. E corrói. E enlouquece. E mata.  E depois? A gente é enterrado como insatisfeito, aquele para quem nada estava bom. 
Acredite,
a regra é clara.
Não existe o perfeito. A perfeição é a imperfeição. Agora, se a perfeição não existe, ser perfeccionista é ser de duas uma: tolo ou falso. O tolo é aquele que não sabe, mas acha que sabe, vive dentro da caverna de Platão ainda. O falso é que aquele que sabe, mas finge não saber e engana os outros. E aí, escolha o teu. 
Eu, de minha parte, bem sei agora que nada vai me adiantar ter sido tola ou falsa. O complicado é que parece que agora é fora de moda ter defeitos, ou melhor, assumi-los. Gente de verdade não vende mais, diria um publicitário. Agora pensando cá, vejo que já que não quero mesmo me vender,  já que não há quem vá me comprar, vou deixar as sobrancelhas crescerem e, tem mais, vou assumir minha caligrafia: é esta e pronto.  O perfeccionismo é um plano para impedir a gente de se mover e ponto final.
Antes do ponto final, pergunto:
E você, acha que tem obtido algum lucro nessa maquina de se vender? 

com amor, eu. 

Terminei de ler a carta em silêncio,olhei para a mamãe que, com olhos marejados, encaixotava as coisas de Vó Alminda. Vi que a carta estava endereçada a um tal Alfredo e  resolvi puxar assunto 
- Mãe, quem era Alfredo?
- Não sei. Pode ter sido algum amigo antigo de sua avó, por quê?
- Encontrei um bilhete para ele. 

Ela não respondeu. Dobrei o papel, já desgastado pelo tempo, e o devolvi para o envelope parto intitulado "Cartas a serem reescritas antes de enviar".

Olhei minhas próprias sobrancelhas finas no espelho, vi exatamente o ponto onde Vó foi amordaçada: no final. Concordei em silêncio:  O perfeccionismo é um plano para impedir a gente de se mover, impedir a gente de se ver. 

Imagem: https://www.instagram.com/anekar0line/


Me lembro com clareza da criança que fui, aprendo com ela ainda hoje. Aprendo mais com minha criança que com qualquer outra versão minha. Minha criança sabe exatamente quem eu sou. Me lembro, também com clareza, da expressão gentil e divertida da primeira pessoa que me ensinou sobre crianças. Eu, no auge dos dezoito anos, com o sentimento de quem sabe de tudo, vi que ela me olhava com curiosidade durante toda a aula. Ao final, disse que a pessoa escolhida para o trabalho acadêmico sobre lecionar inglês na primeira infância seria eu. Eu questionei, esbravejei: logo a mim coube a incumbência mais distante do que eu julgava ser a minha personalidade docente. Fiz o trabalho, como me coube, e achei a teoria linda, mas sabia bem que a realidade seria outra - só não sabia que a realidade seria ainda melhor. 

Comecei, enfim, a trabalhar com crianças em 2016. Tudo em mim se quebrou, todas as certezas que eu tinha foram abaladas, todos os meus medos modificados, minha intensidade foi multiplicada por doze cabecinhas: por dois dias semanais, dezesseis horas mensais. Eu ainda não sabia, me seriam elas responsáveis por grande parte de quem  eu sou agora. Agora, passo cerca de cento e vinte horas mensais sendo ponte no processo de ensino-aprendizagem de crianças incríveis e, por mais que a carreira acadêmica me chame, sei que esse processo pelo qual passo - que é, muito provavelmente, temporário - me torna cada dia mais quem eu sou. As minhas crianças são as principais responsáveis pelo meu processo diário de quebra e reconstrução: elas me ensinaram que só a alma permanece, o resto a gente tem que quebrar e reconstruir todos os dias. Ser criança é abraçar a efemeridade da vida.

Pensando, então, nesses seres mestres, separei uma lista com 26 livros infantis (sobretudo, voltados para a primeira infância) e 12 gibis da turma da Mônica para que as letras os façam companhia durante esse momento - além de poderem usar as histórias literárias como inspiração para criar suas próprias, como sei que fazem. Os arquivos em pdf estão disponíveis em duas pastas no google drive para download gratuito. Os títulos dos livros estão descritos abaixo. Desejo boa leitura a todos e, às minhas crianças, até breve. 

Link para download dos livros, CLIQUE AQUI.

Link para download dos gibis, CLIQUE AQUI. 

1. Era uma vez um gato xadrez
2. O homem que amava caixas
3. Você troca?
4.  Lagartinha Comilona
5. O mostro das cores
6. A casa sonolenta
7.  Menina bonita do laço de fita
8.  Marcelo, marmelo, martelo
9. Cada um mora onde pode
10. Bom dia todas as cores
11. Coletânea de poemas
12. Tenho medo mas dou um jeito
13. O grande rabanete
14. O peixinho e o gato
15. Quando me sinto assustado
16. Tenho mais monstros na barriga
17. Os dez amigos
18. Quando me sinto zangado
19. O poço do Visconde
20. Reinações de Narizinho
21. Urupês
22. Peter Pan
23. A borboleta rosa
24. A honestidade sempre vence
25. A festa da muriçoca
26. História das invenções
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18 gibis da turma da Mônica

com amor, 
Ane Karoline

imagem: https://www.instagram.com/anekar0line/


"Apesar de tudo ainda creio na bondade humana", foi o que li aos quatorze anos e não acreditei. Li isso na tela minúscula do meu Nokia X2 - 01. Li isso dentro do diário de uma menina que também tinha cerca de quatorze anos, uma menina que enfrentava uma guerra mundial, um menina que teve que se esconder em um sótão para não ser morta, uma menina que perdeu a família inteira por conta da maldade humana. Anne Frank, uma menina judia em meio ao holocausto, dizia ainda acreditar na bondade. Foi assim que a literatura me salvou e me mostrou que, em meio ao caos, ainda pode haver esperança. 

Pelo que Anne Frank e muitos outros autores e autoras me ensinaram, resolvi espalhar um pouco de literatura aos que agora, como eu, precisam de palavras de esperança em meio ao caos. Ainda, tendo plena consciência da não rara dificuldade de acesso a livros e, claro, do fato de que nem todos têm hábitos de leitura, resolvi fazer uma lista com 10 livros curtos para serem lidos durante esse tempo de quarentena. Todos os livros, em formato PDF, estão disponíveis para download em uma pasta no google drive. 

Leia e compartilhe, isso também vai passar.

LINK PARA DOWNLOAD: 
encurtador.com.br/aFPV3

Lista de Livros:

1.  Outros jeitos de usar a boca - Rupi Kaur

2. A hora da estrela - Clarice Lispector

3. O que o sol faz com as flores - Rupi Kaur

4. O que é lugar de fala? - Djamila Ribeiro

5. Quarto de despejo - Carolina Maria de Jesus

6. Um teto todo seu - Virginia Woolf

7. Pedagogia da autonomia - Paulo Freire

8. Meu quintal é maior que o mundo - Manuel de Barros

9.  A graça da coisa - Martha Medeiros

10. O avesso das coisas - Carlos Drummond de Andrade

com amor, 
Ane Karoline