"Abri a janela até o topo,
pra ver se entrava um pouco de vida"

   Tentei me recuperar,
juro que me esforcei
 Mas já era tarde
 Com a garganta ferida pelas palavras engolidas, pigarro
 Sempre olhando ao redor
Se você acompanhasse meus olhos ficaria tonto

Toda vez que a solidão me atinge,
Me afogo na espuma salgada de um mar gelado
A felicidade é mais gostosa
Mas a ela estou menos acostumado
É como o roçar da grama na ponta dos dedos
Ou o algodão doce derretendo na ponta da língua

A solidão é mais maleável,
Cabe em qualquer canto
Ela não precisa de luxo nenhum
Se acomoda em qualquer buraco
Soa mais fácil alimentá-la
Afinal ela come qualquer coisa

A felicidade precisa de mais
Necessita atenção, água e luz do sol
Exige uma força de vontade, que não encontro em qualquer mercado
Adubar com sorrisos honestos,
Aguar com lágrimas de "tanto rir"
Sorrir com mais do que apenas a boca

Mas há um remédio que serve para os dois
Faz engordar a solidão e crescer a felicidade
É paliativo, assumo
Mas não estou em posição de escolher muito
Loucura! Nem um pouco comedida
Sem peso nem medida

Faz a solidão ficar esquecida, deixada em um canto qualquer
Torna a alegria menos forçada, menos certa demais
Consegue sorrisos mais sinceros
Permite confissões mais honestas
Congela o estômago, nesse calorão danado
Cria memórias mais significativas

Acho que vou ficar com a loucura
Sai mais caro, mas compensa a longo prazo
Embale sete doses para a viagem
Semana que vem busco mais
Vou ter que diluir em algo, como álcool
Mas isso já me satisfaz

Adolfo Rodrigues

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