Não, nunca esqueço. Sempre fiz questão de escrever  minha vida inteirinha à máquina de escrever. Cada pequeno detalhe: cada sorriso, cada olhar,cada carícia, cada cuidado, cada música e cada silêncio compartilhados. Datilografo cada choro, cada falta, cada medo, cada ausência e, principalmente, registro todos os erros. Soa quase poética a minha mania de guardar cada impressão, mas quando a vida é escrita assim, não dá para apagar. E foi aí que perdemos um tempão.
Não nego minha mania de escrever à ferro e fogo. Quando associada à sua tendência de errar, faz de nós uma história incorrigível. Eu nunca fui muito de tentar corrigir: jogo tudo para o alto e recomeço. Você nunca foi muito de tentar consertar: espera acontecer, mesmo que nada aconteça. Sem correção, com muita conexão, sem coesão, com forte ligação, sem coerência, com inconstância. Montanha Russa nós dois, no fim, sempre deixando para depois. Desculpa, meu bem, mas o depois não vem. A gente sabe que essas desculpas já não nos cabem.  
Não há mais o que postergar, ao menos uma vez, vamos acreditar. Não vou rasgar o que escrevi e nem, tão pouco, riscar. Não vou rasurar minha vida. Nunca fui disso. Mas vou abrir mão do não. Vou abrir mão da perfeição. Não dá para apagar o que já escrevemos até aqui. Não dá para deletar, mas dá para continuar. Os erros vão continuar aqui, datilografados em nossa pele, e, assim, não teremos que cometê-los novamente. Seguir. Prosseguir. Escritos à maquina de escrever, não dá para apagar, mas isso nos mostra quanta história já temos e nos dá razão para continuar. 


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