É
saber que você está lá comigo. A certeza de que se eu cair, terei forças para
levantar. É a voz calma que sussurra e grita ao mesmo tempo, impedindo que a
dor dentro de mim se alastre e me queime por completo. É a boia que flutua
acima do meu corpo, que pesa e afunda cada vez mais na água. É a lufada de ar
que atinge minha face quando meus pulmões parecem não mais funcionar. É o ponto
de equilíbrio quando meu corpo treme tanto, que me confundo com um terremoto.
É
a voz que aciona o botão de emergência que há dentro de mim, e normaliza os
batimentos do meu coração. É a piada boba, contada para que a minha mente
encontre um minuto de tranquilidade. É a palavra amiga, que abre o sorriso que
eu precisava. É o elogio profundo, que não atinge apenas o externo, mas
encontra a verdade por trás da obra. Incentivo é presença, que vê, torce e
acalenta. É a mão que acaricia, procurando aliviar a tensão, o medo.
É
o pai que te faz ler contra a sua vontade. A mãe que te impede de brincar até
terminar o dever. O irmão que diz que precisam de alguém naquela loja. É o
professor que não aceita um trabalho mal feito, pois sabe do seu potencial. É o
tio que te indica na empresa dele, pois sabe o quão inteligente você é. É o
amigo, que vê sua arte e a elogia, e implora para que você continue, publique,
procure um curso, se dedique. É a irmã, que conta para todo mundo o quão bem
você faz tal coisa, promovendo você, mesmo que isso te envergonhe. É a avó que
te dá dinheiro para seguir em frente.
É
a pessoa que fica ao seu lado, sabendo dos riscos que fazer aquilo pode
representar. São os amigos que te mandam mensagens de apoio. São as críticas,
positivas ou negativas, que te machucam, te moldam e te mudam, amadurecendo
você e a sua arte. São as dificuldades, os dois empregos, a faculdade à noite,
as dores de coluna, as noites em claro. São as noites encarando o teto, as
lágrimas descendo do rosto, as manhãs com cara inchada. É aquela sensação
dentro de você, que te diz que você não está sozinho, não importa o quanto
pareça estar.
O
resultado é se levantar depois de tudo isso, e ser capaz de abstrair toda a
dor. Jogar ela contra o branco, e criar. Se derramar, se transmitir, ser parte
da arte. É lembrar-se de cada uma dessas pessoas, do bem e do mal que lhe foi
feito. Das alegrias e sofrimentos do percurso. E usar isso tudo como incentivo, para quebrar todas as
barreiras. Para alcançar mais além. Para provar-se e ao mundo, e assim
encontrar a paz. É iniciar o ciclo, se impulsionar usando as pedras no caminho.
É certeza incerta. É trabalho árduo.
Incentivo,
é viver querendo mais, e para ser mais.
Adolfo Rodrigues