"Existia eu em mim, só não sabia me encontrar"
Olha para os céus
Impede as lágrimas de cair
Fecha as mãos em punho
Para que não o vejam tremer
Respira fundo
Para não desmaiar
Então abaixa a cabeça de novo
Os olhos fechados
Mente a si mesmo que consegue
Abre os olhos
Evita o contato visual
Sorri e mente
Diz que está tudo bem
Que entende e que não tem problema.
O interior sendo consumido pelo vazio
A dor arrastando as garras dentro dele
A garganta inchada
Mas o sorriso era a máscara
Arruma o cabelo, cruza os braços
Muda de assunto
Tenta fugir
Parece normal, aceitou bem
É maduro e vai superar
Mas isso é só a casca
Chora no banho para não ser ouvido
Escreve para dar vazão
Encara o teto procurando sentido
Abre a porta para a solidão
Dorme com tamanha exaustão
Tem pesadelos de agonia
Acorda como se nada tivesse acontecido
Mas logo é atingido pela realidade
E sangra a tristeza pelo olhos
Não anda, se arrasta
Respira fundo antes de sair
Escolhe o sorriso de hoje com cuidado
Só vai tirá-lo quando estiver sozinho
Adolfo Rodrigues