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Eu, se fosse você, não tentava. Como não sou, vou apenas te alertar: se não souber - ou não quiser- mergulhar, não invista seu tempo em tentar. Você não vai conseguir me encontrar: não estou na superfície. E, como sei que nem todo mundo tem coragem para entregar-se, não tenho arriscado. Abdiquei da profissão de tentar nadar onde água não há: se oceano não for, não venha uma tempestade procurar. Eu não sei garoar.
Eu não saberia te dizer quantas vezes tentei, foram muitas. Tentei me colocar em uma caixinha e me silenciar: ser como aquela brisa suave que a gente quase não nota, ser a mocinha de um romance que sempre concorda, ser silenciosa como um violão sem cordas. Eu até quis ser uma donzela em perigo que se faria menor para fazer do príncipe maior; quis ficar caladinha e deixá-los argumentar, para que eles tivessem onde se segurar. Mas carrego em mim uma nuvem de emoção: eu chovo comoção.
Estou sempre transbordando opiniões, ideias e aspirações. Sempre lançando indagações, inquietudes e definições. Sempre descobrindo novas maneiras de ser, de me encontrar e me esconder. Sempre construindo hesitações, muros e questões. Sempre refletindo sobre esse incessante tumulto que sou: uma montanha-russa de sentimentos que em um segundo ama com vigor, no seguinte já segue sem alento. 
Espero não assustar você, mas alguém teria que falar: eu não sou de calar. Estou sempre a comprar uma ou outra briga em nome do que acredito e do que defendo; busco sempre gritar em meu nome, e em nome daqueles precisam se expressar, até que alguém possa me escutar; falo, muitas vezes, sem pensar e fujo, constantemente, quando deveria falar. Esbravejo, bato o pé, vou à TV, à imprensa, à Lua, não temeria em gritar no meio da rua: a gente não pode fugir do que é. 
Essas metades, meias verdades e fracas vontades não me servem, aliás, não me cabem. Comigo é tudo ou nada, é ir ou ficar, é mergulhar ou se afastar. Portanto, se essa tendência à dramaticidade te assustar - ou não te interessar - eu, sinceramente, não vou te mandar para a fogueira, só peço que não apareça do lado de cá - que é o lado onde tudo acontece: tem muito choro mas tem muito amor, tem muito drama e muito vigor. Então, se o seu coração for daqueles quietinhos, que temem se afogar, vou te avisar: não precisa nem tentar, meu bem, quem está na chuva é para se molhar. 

Ane Karoline

Um Comentário

  1. Nesse tempo de esconder suas vontades, de não falar quando quer para não parecer "desesperada", "entregue", "na mão", é complicado para nós que somos tempestade. Que somos fogo. Transbordamos amor e quando decidimos compartilhá-lo, é visto como algo nocivo. O que fazer com tanto sentimento? Tanto fulgor?

    Com (muito) amor,
    Camila Oliveira

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