"Os emaranhados dos teus cabelos eram tão macios quanto os dos teus dedos..."

Em uma existência abissal
De dimensão colossal
Esbarro na pedra fria do vazio escuro
Enquanto chuva de poeira cósmica turva minha visão
Enxergo ao longe o rei da imensidão

Ele não se senta em um trono de ouro e poder
Mas sim em uma matéria escura e disforme, que o mantém oculto
Ele não tem a mesma forma que eu e você
Não, ele é mais
É luminosidade abstrata, calor que não queima

Ele é sangue, que discorre e escorre pela pele cortada
É broto que germina na madruga
É flor que desabrocha e renasce mil outras vezes
Ele é o tudo, mas tem som de nada
É corrente forte, como a de um rio
Ele é fogo sem lenha

Ele me chama, desanuviando seus arredores
Ao seu redor dançam estrelas menores
Corpos astrais que o circundam pelo seu magnetismo
Orbitam ao seu redor, seu próprio paraíso
E ele me toca apenas ao me olhar
Pois identifico ternura nos olhos a me abençoar

E quando penso que sua completude atinge um limite
Observo a chama espectral se deslizar pelas beiradas do universo
E ela gera e destrói
Pois,
Apenas da destruição pode haver renascimento
E em sua sábia perfeição, Ele tudo atinge

Abro a boca para perguntar seu nome
Ele se adianta e me aponta um dedo de luz.
Olho para o peito e acho a resposta
A morada da bondade é conjunta
Eu tenho um pedaço que carrego sempre comigo
Me abraço contente, pois sou parte do todo

E ele de mim...

-Adolfo Rodrigues

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