"Ele era um pedaço de tempo,
algo conhecido como livramento..."

Tempos aqueles em que a chuva caía
E as gotas contra a janela eu via
O peso dos céus no meu dia
As coisas da vida que eu não sabia

Era simples viver assim
Brincando com as pedras do jardim
Vivia pelos meios sem me preocupar com o fim
Mas ele chegou até mim

Foi rápido e certeiro
Me atingiu na cabeça primeiro
Me esmagou com o ponteiro
Me deixou sem meu inteiro

Aprendi a viver meio
Meio vazio e meio cheio
Vivendo de receio
Nem sei em quem mais creio

A outra metade partiu
Me deixou e sumiu
Sequer disse adeus quando desistiu
Ninguém jamais o sentiu

Durmo e acordo incompleto
Penso nisso direto
Durante a noite encaro o teto
Mas já não me afeto

Jamais quis ser perfeito
Às vezes eu me endireito
Mas logo me estreito
E me rejeito

Dos sentimentos conheci todos
Os importantes e os bobos
Enquanto uns são prezados
Outros são exagerados

Me disseram que assim me iludem
Que é assim que as almas sucumbem
Repentinamente somem
E aos poucos partem também



Adolfo Rodrigues 

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O tempo é maior presente que podemos dar à alguém: obrigada pelo seu. As palavras são afeto derretido, que tal deixar as suas? (Caso tenha um site, para que possamos presenteá-lo com nosso tempo,divulgue-o aqui). Forte Abraço.