Eu gosto de acreditar. É uma espécie de mania que carrego sempre comigo: eu acredito. Dentre as coisas que acredito, eu acredito que nós somos uma obra inteira e inacabada: cada pequena coisinha que nos acontece, cada vento que toca o rosto, cada rosto que nos cruza, cada cruzamento que encontramos, cada encontro que desmarcamos nos constrói. Estamos sempre em construção e tudo que nos acontece ajuda a nos construir, cada dia mais.  E o outro, seja o vizinho, o amigo, a mãe, a caixa do supermercado, a colega do curso de inglês ou o cobrador do ônibus, é essencial na construção pessoal de cada um: as pessoas podem ser dádivas na vida da gente. Tá aí outra coisa em que gosto de acreditar: eu acredito nas pessoas.
   Não há como evitar: estamos condicionados a viver em sociedade ou, ao menos, a conviver, então, porque seguir pelo caminho mais difícil, contra a maré, tentando ignorar a riqueza que as relações e o convívio social podem nos proporcionar? Sinceramente,  a gente pode acabar com essa cultura da ignorância, de achar que ninguém tem nada a acrescentar, a gente sempre pode escolher um caminho melhor, ver as coisas de outro ângulo - essa é mais uma coisa em que gosto de acreditar. 
    E foi por acreditar nas pessoas, acreditar que sou um ser em construção e acreditar que tudo pode ser mais fácil que resolvi abrir mão dos fones de ouvido durante essa primeira semana do desafio #RearteculandoaRealLife. Já amanheci seguindo o caminho que deveria ser o mais fácil e natural desejando "bom dia" à cobradora do ônibus. Ela, meio sonolenta, meio cansada, me olhou e me desejou um "bom dia" de volta. Eu tive um bom dia. Percebi aí que a gente tem o poder de dar ao outro um bom dia mas se nega à tamanha honra: 50 pessoas dentro de um ônibus, 50 histórias, 50 famílias, 50 tipos de problemas diferentes e ninguém tem coragem de dar ao outro um bom dia. Acabei descobrindo que eu não quero fazer parte desse "ninguém" que não tem coragem de levantar a cabeça para ver que senta ao seu lado. Foi isso que essa primeira semana me ensinou: eu consigo ver as pessoas, se eu quiser, e elas podem me mostrar coisas maravilhosas, elas podem me mostrar caminhos que eu não consigo ver sozinha, elas podem me fazer uma companhia tão agradável que eu nem sequer vou me lembrar de tirar uma foto, ou elas podem me divertir muito no processo de tirar uma foto. É clichê, mas eu também gosto de acreditar que mais importante que o que a gente tem vida, é quem a gente tem na vida. Essa semana, eu olhei ao redor e vi minha família que é feita de gente de carne e osso, como eu: cai, erra, tropeça, se chateia e ama. 


   
 Eu não fui a única no desafio a levantar a cabeça do celular para olhar para as pessoas. o que eu ouvi da Débora essa semana- e foi pessoalmente-  foi gratificante: "Realmente, você sai do seu mundo virtual, seu mundo individual, para perceber que as pessoas tem muito a oferecer e a acrescentar". A mesma pessoa que me disse domingo passado "eu acordo e durmo com o celular na mão" e que na segunda estava negociando o tempo comigo, me disse que passeou essa semana, conheceu pessoas e que, até, conheceu uma cerveja nova. Que mais real e rearteculado que isso? 

    
    Mas para estar bem como os outros é preciso estar bem consigo mesmo, primeiro, não é? Foi isso que a Marta me lembrou essa semana. A mesma pessoa que me disse que passava 18 horas online diárias, essa semana me mostrou que a gente tem tempo sim! Ela conseguiu, milagrosamente, organizar o tempo para fazer várias coisas novas e, simultaneamente, me inspirando a continuar. Estivemos tão em sintonia que estive pensando em fazer um novo corte de cabelo e ela me aparece com a novidade:

    Coincidentemente as primeiras pessoas com quem falei sobre o desafio, foram as pessoas que seguiram minha dica: vamos readotar um livro. A Carol, continua sendo meu orgulho, e não excedeu 5 horas diárias durante a semana, e a Ane Kelly conseguiu se reorganizar melhor, quase terminou um super livro essa semana e diminuiu a ansiedade.  




    Sobre ansiedade, o Alexandre, assim como as meninas, tocou em um ponto que eu tenho que eu me identifiquei: ansiedade. Eu sempre fui ansiosa nasci, inclusive, de 8 meses. Mas o fato de ter sempre uma resposta instantânea através da internet acentuou muito isso em mim. O que ele percebeu de diferente durante essa semana foi isso: a volta da capacidade de esperar, de conseguir deixar o celular guardado. Estamos juntos nessa.

   
   A Ana Maria e a Clara foram bem empenhadas e, apesar do esforço, dizem não perceber uma  grande diferença ainda. Meninas, vocês estão enganadas: eu vi tudo. A Clara, estava sempre online no whatsapp e essa semana eu percebi que foi diferente e, sem contar, as 200 fotos no snapchat que diminuíram significativamente. A Ana Maria, essa semana teve até tempo para cantar comigo e  tirar fotos lindas. Parabéns meninas. 


      Parabenizo e agradeço a todos os meus queridos amigos/desafiados que tanto acrescentam em minha vida. Essa semana as coisas começam a apertar: temos direito à 6 horas diárias de uso do celular/online. A Ana Maria que tem celular novo, talvez sofra mais, ou melhor, descubra mais formas de se entreter na vida real. 

Forte abraço real, 
Ane Karoline,
     

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