Vinte e duas mensagens de pessoas diferentes, oito e-mails, duas ligações não atendidas e nenhuma pessoa sentada ao lado para perceber que não tem nenhum "kkk" estampado nos rostos. As ligações, às vezes, a gente não atende para não dar muita bandeira do nosso real estado emocional. As ligações, na atualidade, são extremamente pessoais. Se as ligações são pessoais, as visitas ultrapassam a pessoalidade: são inexistentes. As visitas têm sido dispensadas pela infinitude de possibilidades existentes através de um aparelho portátil. Essa infinitude de possibilidades é a criadora do infinito abismo existente entre as pessoas.
   É reconfortante saber que existe a possibilidade de comunicação instantânea com primos distantes e que não se pode visitar com frequência, inclusive isso ajuda a adiar a visita: a comunicação é frequente, com a presença de um ou dois "estou com saudades" para aliviar a consciência e economizar tempo: ninguém mais tem tempo. É uma rotina de quinze tarefas anotadas na agenda, um livro aberto, sobre a mesa, na mesma página por três dias, relógio avisando que já passa da hora de dormir e parece que nada foi feito: ninguém tem mais tempo. E essa soma de estar sempre ocupado com a sensação de não ter conseguido concluir as tarefas só pode ter um resultado: a frustração. E nada melhor que mais um tempinho jogando no celular para se recuperar da frustração de mais um dia jogado fora, né?
    No fim das contas, dos 223 contatos no whatsapp, quantos podem, sincera e espontaneamente, oferecer um ombro seco naquelas noites de fim de carreira? Das 420 mãos que foram necessárias para os 210 likes na foto da festa de sexta, apenas uma seria suficiente para enxugar algumas lágrimas, ou para te ajudar a levantar. Mas são 420 mãos virtuais, são 223 contatos que não estão realmente presentes, são 22 mensagens que não existem na vida real. A gente investe o nosso tempo real em 22 duas mensagens que se perderão em meio à tantas outras, tão irreais quanto.  A gente investe o nosso tempo real em postar a foto do céu ao invés de contemplá-lo. Aliás, será que o nosso tempo -assim como nossa vida- ainda é real?
   Mesmo sabendo que essa era digital tem suas inúmeras vantagens, a partir da reflexão sobre essa vida não palpável que estamos vivendo, pensei em reartecular a vida real com o desafio #RearteculandoRealLife. Mas, provando que tenho relações na vida real, não me meti nessa sozinha: convidei alguns amigos que não me decepcionaram e se prontificaram e compartilhar suas experiências.


    O desafio consiste em diminuir o tempo online/fazendo uso do celular, com o objetivo de que possamos notar as singularidades reais que perdemos a chance de aproveitar todos os dias e, também, de aproveitar esse tempo precioso que é o presente, degustando cada dia ao máximo, sem estar perdido e relapso dentro da própria vida. O desafio terá a duração de um mês e posts semanais aqui no blog, para o acompanhamento do desempenho dos desafiados. Os desafiados terão direito de utilizar durante a primeira semana oito horas diárias de seu tempo em atividades relacionadas ao celular/internet. Na segunda semana, terão direito a seis horas diárias. Na terceira semana, quatro horas diárias. E na quarta, e última, semana os que sobreviverem terão direito a duas horas diárias. Para animar nossos desafiados, eles concorrerão a prêmios por melhor desempenho. O início do desafio será no dia primeiro de junho próximo. 
    Vamos conhecer nossos desafiados?

  1. Como uma boa amiga, me coloquei no desafio para acompanhar meus amigos - e, claro, porque perco muito tempo fazendo absolutamente nada na internet.

Eu passo, aproximadamente, 12/13 horas do meu dia online/usando o celular e nunca sei o que realmente estou fazendo. Resolvi participar do desafio porque me propus a criá-lo, porque acho que vai ser, no mínimo interessante, porque me amarro em desafios e porque eu preciso desapegar dessa virtualidade. A foto resume tudo.

      2. Alexandre Oliveira, 28 anos.
10 a 12 horas diárias de uso do celular/online. Usa muito whatsapp e facebook. Se dispõe a dar mais atenção às pessoas e pretende, com o desafio, conseguir aproveitar melhor o tempo: concluindo suas tarefas e otimizando as que já desenvolve. 

     3. Ana Maria, 27 anos.
9 horas diárias de uso do celular/online. Usa mais: whatsapp, e-mail, skype e ouve música (ela é cantora, gente). Apesar de conversar com muitas pessoas, online, e perceber que muitas pessoas pedem conselhos e desabafam, a Ana percebe que é importante não ser dependente da tecnologia e, por isso, resolveu participar do desafio.

     4. Ane Kelly, 16 anos.
Minha irmã caçula que diz passar 10 horas diárias online - mas eu aposto que é mais. Ela disse que usa muito o celular para redes sociais, trabalhos escolares e afins (também discordo, rs). Acho minha ideia criativa e útil e resolveu participar e pretende conquistar, com o desafio, a capacidade de moderação: não precisar mais se regrar e, sim, passar espontaneamente menos tempo online. "Eu acho que o desafio vai ressuscitar minha vida offline".

       5. Marta Bertolina, 19 anos
A Marta foi quem me respondeu mais rápido: ela confessou passar, aproximadamente, 17/18 horas diárias online/usando o celular. E o que mais faz online: nossas amadas redes sociais. Ela foi um amor e aceitou participar do desafio para se conhecer melhor e espera que o desafio abra os seus olhos para o mundo novamente. Assim como eu, a Marta disse que "às vezes, até esqueço de arrumar o cabelo". Te entendo, amiga. 

     6. Ana Caroline, 19 anos.

A Carol é o docinho de coco da minha vida, tem meu amor estampado dentro e fora das redes sociais, e me deixou orgulhosa ao declarar que usa o celular/online por, aproximadamente, 6 horas diárias. Ela usa muito o whatsapp e disse que, muitas vezes, nem percebe quanto tempo passa online - e quem percebe?

    7. Clara Cavalcante, 18 anos.
A Clara disse que não sabe dizer quanto tempo passa diariamente online pois já acorda com o celular na mão. Também passa muito tempo nas redes sociais, assiste filmes com netflix e (eba!) escreve histórias e posta. Ela pretende atingir as metas propostas e conseguir, consequentemente, aproveitar mais os momentos. 

    7. Débora Kelly, 24 anos.
Minha querida amiga, poeta, cantora, artista -e diário pessoal- me disse que não sabe exatamente quantas horas diárias passa online e/ou fazendo o uso do celular: o celular é colado na mãozinha dela. Mas chegamos a conclusão de que são, aproximadamente, 10 horas diárias. Ela vai tentar reduzir esse número e, aos outros desafiados: ela adora competir. hahaha Boa sorte! 



Let's go? 
Boa sorte a todos - inclusive para quem vos fala. Achou fácil? Quer participar? Contate-me.

Abraços verdadeiros, 
Ane Karoline






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