Guerra!
Vivemos dias sombrios por aqui; nos becos e vielas o sol não chega
Faz frio e escuto passos se aproximando, meu coração acelera
Dentro de mim, bate forte, tudo grita no silencio desse caos.
Será que a gente não vê?
Será que você não percebe?
Enquanto não dermos as mãos e fizermos barulho, o horror será
banal e tudo será sempre igual
A mão que aperta o gatilho é só o fim, consequência
A causa não está lá;
A caneta não é o perigo, a mão que assina é o problema.
Não sei o que pensar, está tudo tão escuro aqui.
Para onde iremos?
Intervenção! - Uns gritam
Enquanto outros choram: não!
A polícia não é o vilão, mas, sozinha, não é a solução
O buraco é muito mais embaixo, só vemos a ponta dessa confusão
Falta tudo e o povo sofre, apanha na cara todo dia
Quem bate? O Estado - que devia proteger e amparar
Eu não sei mais o que dizer, nem o que pensar.
Tudo isso cansa!
Quem tenta bater de frente é eliminado:
Execução - para calar quem teima em ter voz,
E o medo vai chegando de mansinho, se transformando em nós
Nos prendendo em casa, cortando nossas asas.
Desrespeito, desespero:
Eu não sei o que fazer, dizer
Eu não sei o que cantar para tentar mudar
Eliminar
Tanta crueldade e injustiça desse país.
Eles cometem os crimes,
Corrompem a justiça,
A forçam a “julgar” os crimes que eles cometeram,
Que ironia!
E se a justiça ousa peitar?
Eu repito: execução para calar.
E nesse emaranhado de valores invertidos
A vida não tem valido nada
Aliás, a vida dos oprimidos:
Preto,
Pobre,
Mulher,
Excluídos
- Ou, ainda,
Qualquer um que tente ousar
enfrentar
“Tira do nosso caminho! ” - Ouço um deles falar.
Mas, ainda penso: não é possível que a maldade seja maior que o bem,
A maldade só parece maior porque a propaganda convém: eles gritam e a
gente se cala.
Agora, me levanto e digo: já ficamos em silêncio por tempo demais –
Sei disso porque ainda posso pensar, isso não me arrancaram e nem
haverão de arrancar
Repito:
Quantos vão precisar morrer até essa guerra acabar?