Paulo e Eduardo descobrem um corpo morto na beira do lago. Eles estavam ali para brincar, mas acabaram se deparando com uma cena sangrenta e macabra de assassinato. A mulher assassinada era Anita, esposa do dentista da cidade. Duas crianças de cara com a morte, com a podridão da vida. Certamente eles não seriam os mesmos depois daquilo.

Junta-se aos dois garotos o velho Ubiratan, que mora no Asilo São Simão e não tem ninguém com quem conversar ou jogar xadrez, o que o obriga a escapar diversas vezes, pulando o muro da instituição, para ver algo de interessante na cidade. De modo muito inusitado, o velho e os dois moleques entram no arriscado empreendimento de tentar descobrir quem matou Anita, mas eles não esperavam que essa morte envolveria a elite da cidade e toda a classe política econômica que comandava aquele pedaço de terra.

Escrito de forma rápida e intensa, quase como um torpedo, o livro de estreia do autor Edney Silvestre nos presenteia com vários momentos belos e catárticos. Todas as personagens têm os seus esqueletos no armário. Todos os traumas nos são apresentados, ou melhor, são jogados na nossa cara. Em algumas ocasiões podem até causar desconforto, mas a crueza de tudo também encanta ao não nos poupar nenhum detalhe sórdido das pessoas que habitam aquela cidade.

Ao final, o livro é uma síntese da história do Brasil e seus sucessivos golpes, conchavos, lascívias e dissabores. É uma leitura que deixa um gosto amargo na boca. Porém, fica aquela esperança de que afeições verdadeiras e amizades reais possam ser maiores do que o horror espalhado pela humanidade. Ainda existem Paulos e Eduardos no mundo, felizmente.

Deixe um comentário

O tempo é maior presente que podemos dar à alguém: obrigada pelo seu. As palavras são afeto derretido, que tal deixar as suas? (Caso tenha um site, para que possamos presenteá-lo com nosso tempo,divulgue-o aqui). Forte Abraço.