que descobri que não sei perdoar"
Se eles sempre estiveram ali. não sei quando foi que os vi
Se nasceram de algum lugar, não sei como vou explicar
O fato é que agora estão, e não sei se embora se vão
Tornaram-se parte de mim, vão comigo até o fim
O primeiro é veneno certeiro, que corrói o ego inteiro
Rasteja como uma serpente gelada, mas queima como chama azulada
Pode ser vista no olhar, apesar de eu tentar disfarçar
A inveja me encontrou, e em algum lugar se instalou
O segundo aprendi com a vida, em uma situação sem saída
Ninguém quis abrir mão, então ele entrou em ação
Disse que ele não iria mudar, e trate de se acostumar
O orgulho me encontrou, e em outro lugar se largou
O terceiro aparece brincando, e em mim continua morando
Com seu sorriso dissimulado, consegue ser adulado
Luta pelo que deseja, sem nunca deixar que o preveja
A luxúria me encontrou, e ao meu lado se recostou
O quarto me ataca contente, sabendo que é convincente
Sem vergonha ou nenhum medo, não tem cerimônia ou segredo
Toma o que vê pela frente, e sempre expressa o que sente
A gula me encontrou, e o que queria devorou
A quinta é folgada e tranquila, nem se importa e nem vacila
Vive bagunçando a vida, se finge de boba em seguida
Gosta de ter me para si, e foi com ela que cresci
A indolência me encontrou, e em meu colo se deitou
A sexta eu achei sem querer, e levei para comigo viver
Não me importo se a acham ruim, é uma boa companhia pra mim
Nem sempre faz maldade, é a única que me diz a verdade
A ganância me encontrou, e comigo se acostumou
A sétima é deveras volúvel, e por demais imprevisível
Ela eu escondo mais fundo, tento escondê-la do mundo
Quando estoura é uma bagunça terrível, e me deixa com aparência temível
A ira me encontrou, e em meu colo se sentou
Os sete estão sempre ao meu lado, tentando me ver consertado
Me ajudam aqui e ali, aceitá-las aprendi
Jamais me arrependo de tê-las, e não ligo se não compreendê-las
O importante é que lutam assim, a família que criei para mim
Adolfo Rodrigues