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O coração comedido, se contendo, se espremendo todinho para não acelerar. Com medo. Um coração, o que sempre foi the bravest one, agora, com medo. Como é que pode isso? Um coração ponderante, bate um pouquinho só, espera, bate um pouquinho mais. Faz até mal, meu avô diria. Afinal, como ele mesmo dizia, o coração é feito todinho de músculos e reprimir o movimento da musculatura é como  revogar um destino irrevogável: faz um mal danado. 

Ainda, assim, aqui está:
O coração querendo pular desenfreado e não pode, o cérebro calculando: calma, devagarinho, a gente nunca passou deste ponto, segura a onda.  O problema é segurar a onda quando sempre foi like there's oceans between me and you e talvez, agora, não haja mais. É difícil segurar a onda quando é justamente a onda que lava tudo e leva embora, se é justamente a onda que traz o que o coração é capaz de ver agora. É difícil segurar uma onda que vem e vai, será que agora ela fica ou, logo mais, se esvai? É difícil segurar a onda quando se é tempestade porque existe a impossibilidade de mergulhar só pela metade.

Admito:
Seria agradabilíssimo poder nadar livremente, sem amarras, sem boias, sem medo de afogamento, mas nunca cheguei aqui, nunca nadei this far, nunca desliguei a sirene de alerta no cérebro. Me ensina? 

breathe in, breathe out

O coração segue comedido, comprimido, espremido porque não quer mais decidir nada. Não quer mais se jogar no mar por falta de ar, não quer mais fechar os olhos e caminhar em uma corda bamba, não quer mais ser desfeito em mil pedacinhos, não quer mais desacreditar, não quer mais ter um monte de coisas entulhadas nas artérias, não quer mais ser comedido, com medo. É comedido porque ainda não sabe se deve dizer algumas coisas,
porque algumas coisas só sei dizer em inglês,
porque algumas coisas só sei dizer por escrito,
porque algumas coisas eu ainda não sei dizer
me ensina?

Ane Karoline

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