foto: Ane Karoline


Tenho tentado atenuar, diminuir e suavizar. Tentado tornar tudo mais leve e fácil, diminuindo o passo. Tenho trancado as tempestades e tantas vontades. Trancando algumas verdades aceitando calamidades, pura e simplesmente para evitar qualquer descompasso. Tenho tido tanto medo de tropeçar, cansada de frequentemente titubear. Tenho evitado falar, querendo tanto acertar, tenho evitado falhar. Mas tenho tanto, tão tenazmente, que não é possível atenuar. Não quero mais sobre essa linha tênue me equilibrar. Não dá.
Temo ser essa infinitude insistentemente incoerente, irrequieta e inconstante. Tornaria-me irreconhecível se não fosse impertinentemente  . Trago, inerente à essência, esse desejo insaciável pelo que é intenso. Teimo, por vezes, em ser inconciliável, irremediável trazendo ideias incompatíveis. Mas, intimamente, é simples interpretar: não há necessidade de atenuar, é muito mais eficaz aceitar.
Traço escapatórias entre equações e evidências, estruturando decisões hesitantes. Tanto traço que tropeço na desordem de dúvidas equivocadas. Esquivo-me e continuo a cair e a encher-me de enganos ambíguos e esvaziar-me da essencial espontaneidade. E essa, agora vejo, é tão extremamente essencial que se não a exerço esvaio-me.
Teorizo as sensações sabendo que as sentirei ainda mais. É que, veja bem, tomei para mim a tarefa de sentir vigorosamente, sem voltar atrás. Se voltar, seja sempre para amar mais. Troquei o atenuar pelo acentuar, o trancar pelo tecer e o equilibrar pelo enfatizar. Testemunho, agora, tropeços equivalentes a recomeços. Evitando-se tropeçar, empata-se o levantar.








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