"Outrora temido, agora bem vindo.
Temido, transmutado, tratado, trazido.
Menino moleque, moleque maroto.
No fim do dia, é só um garoto"

       A vida é vivida em ciclos. Pequenos espaços de tempo, medidos pelo tamanho da felicidade que se possui. Se o ciclo é bom, passa correndo, se difícil, demora mais. E assim, medimos nosso tempo. Tempo que, quando gasto com quem amamos, dura menos. Tempo que, gasto com coisas irritantes, se arrasta. Em algumas horas, eu fecho um ciclo. 
       O Ciclo dos 22 anos foi, sem dúvida nenhuma, transformador. Conheci uma versão minha que jamais esperava encontrar. Alguém que fez uma descoberta que levará para a vida. Eu descobri que não preciso amar, pois eu sou amor. Encontrei um sentimento que ultrapassa os limites do que eu conhecia. Comprometimento, entrega, união.
      Quando eu era mais jovem, nos ciclos anteriores, tinha  a mania de mesurar meus sentimentos, as coisas que sentia, por quem sentia, e quem merecia mais, ou menos, de mim. Hoje eu compreendo que sou muito para todos. Que não existe quem mereça mais ou menos, existe quem conquista isso.
      Uma coisa que jamais mudou é a minha forma de amar. Amar por completo, por inteiro, entrega de tudo o que sou. Nunca soube amar por partes, aceitar metades, viver de pedaços. Eu sou uma pessoa inteira, mas também sou alguém que transborda. Minha forma de amar, jamais mudará. Meu amor é forte, grande e puro. Meu amor se entrega, se sacrifica, se reconstrói. Meu amor é altruísta, e ainda mais importante, meu amor é gratuito.
      Na caminhada da vida, aprendi a selecionar quem está em meu circulo mais intimo, sem deixar os demais se sentirem mal por isso. Aprendi a viver de presente, e deixar o passado para quem tem interesse nele. Aprendi a acreditar em mim, e em meu potencial. Aprendi que tudo o que eu quero, eu posso. 
     Viver por todo esse tempo me ajudou a compreender que as coisas são o que são, e que serão assim no final, se for esse o destino. Quem vive, enfrenta mazelas. Faz parte do viver. No entanto, viver sem transformar, é sobreviver. Agregar-se conta muito.
       Aprendi que colo não serve só para criança. Não há melhor lugar para se curar que o abraço de quem se ama, ou o colo de quem se importa com você. A transição para o novo ciclo começou, e eu estou pronto para aceitá-la.
      Um novo ciclo que talvez vire o meu mundo de cabeça para baixo. Após dias de tristeza e solidão, mescladas com abandono e indiferença. Aqueles dias em que tiramos o sorriso da gaveta para vestir durante o dia, tornando as coisas mais fáceis para os outros. Acho que ainda me importo muito com o bem estar alheio, deixando o meu, imerso em águas escuras.
       Sim, as dificuldades do caminho se intensificam no famoso "inferno astral". A insegurança traça caminhos dentro de nós. O medo do novo, do desconhecido, do despenhadeiro. Aqueles dias pesados, que te fazem sentir o peso em suas costas, que te fazem sentir o vazio ao seu lado na cama, ou encarar a caixa de mensagens vazia. É desesperadora a sensação de estar sendo esquecido.
      Ciclos estão ligados às águas. Estou a tempo demais submerso. Meus pulmões clamam por ar. Quero a superfície. Vivi dias de glória e paixão devastadora. Agora vivo dias de clímax, à espera de uma catarse e um final apropriado. Espero que o fim desse ciclo seja feliz. Que os mocinhos fiquem juntos, e que encontrem a felicidade.
      Feliz fim de ciclo pra mim, e bom início de ciclo para aquele que vem depois de mim. Que o novo eu seja melhor, e que o ciclo dele seja intenso, e único. Aguardo por ele no lugar aonde os ciclos vão após cumprirem seu tempo. Me encontro com aqueles que foram ciclos antes de mim, aguardando por aqueles que vem a seguir. Boa sorte criança! Cuide bem do meu garoto...

Adolfo Rodrigues

Deixe um comentário

O tempo é maior presente que podemos dar à alguém: obrigada pelo seu. As palavras são afeto derretido, que tal deixar as suas? (Caso tenha um site, para que possamos presenteá-lo com nosso tempo,divulgue-o aqui). Forte Abraço.